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  • Foto do escritorHenrique Girardi

Coronavírus #2

Passamos por um momento muito difícil em nossas organizações e sociedade em geral. Essa deve ser uma das crises mais profundas e complexas da nossa época. As mudanças são cada vez mais rápidas, e é possível imaginar que outra crise assim pode demorar não muito tempo, caso alguns fatores não sejam alterados. Em sua essência, essa crise envolve uma questão de vigilância sanitária e a relevância da China do ponto de vista da globalização dos negócios. As famosas cadeias globais serviram, provavelmente, de trilho para a disseminação do vírus em todo o mundo.

Organização e métodos ágeis em home office:

A atual situação provocou muitas mudanças nas organizações. A extensão depende da atuação, do mercado em que está inserida e do modelo de negócios da empresa. A adoção de regime de home office, por exemplo, exige adaptações por parte da empresa e de seus colaboradores. Muitas empresas nunca tinham adotado home office em massa e muitos profissionais (chefes e subordinados) não estão acostumados a essa rotina. Muitas empresas não estavam preparadas, do ponto de vista de infraestrutura e métodos de trabalho. As empresas que trabalhavam com a antiga dinâmica de comando e controle estão enfrentando mais dificuldades. No início da crise gestores mais conservadores reagiram contra e com sérias preocupações sobre a adoção do home office. O gestor que desconfia que seus colaboradores não vão executar suas atividades, pois ficarão desfrutando da quarentena em casa, precisa urgente rever os seus conceitos e, talvez, o seu quadro de colaboradores.


Todas as empresas estão passando por adaptações na organização e comunicação interna. Os encontros por videoconferência podem exigir uma preparação diferente. Sem a presença física perdemos alguns pontos de observação. A mensagem precisa ser ainda mais clara e direta. Sem os encontros físicos na empresa, os líderes precisam estabelecer uma comunicação direta com seus colaboradores através de ferramentas como Whatsapp e Hangouts. Em virtude do atual cenário, de rápidas mudanças, recomenda-se uma comunicação ainda mais próxima com as equipes. Além de reuniões mensais de avaliação, recomenda-se encontros rápidos, semanais, para compartilhamento de atividades entre os membros da equipe, seguindo o modelo do Kanban, onde cada colaborador pode apresentar seu quadro de atividades a fazer, em desenvolvimento e as concluídas. Outras atividades, que tem um prazo superior a daquela semana, podem ser organizadas em uma sessão de backlog, onde as atividades futuras são salvas para posterior atualização da programação semanal.

Priorização de projetos e revisão de planos:

Como resultado da crise, muitas empresas estão passando por um momento de grandes reavaliações em suas projeções, planos e projetos. Os gestores devem avaliar quais projetos, neste momento, devem ficar em stand by e quais devem ser executados. A crise está acelerando algumas mudanças e é importante a empresa estar atenta.

As empresas que souberem atravessar a crise com menores perdas e aproveitarem melhor o período de quarentena para planejar e colocar em ação medidas para a retomada de suas atividades vão sair fortalecidas. A crise vai passar e aquelas organizações que saírem da crise mais fortes serão protagonistas e vão ajudar a liderar no período pós-crise. O grau de dificuldade vai depender de cada organização e envolve os efeitos em seus processos primários e sua cadeia de valor.


Relação com os clientes e responsabilidade corporativa:

Entre os projetos importantes neste período de quarentena destaca-se aqueles que tem como público-alvo os clientes da empresa. Em entrevista Washington Olivetto falou sobre a importância de estar próximo dos clientes, mesmo que a venda seja improvável. É hora de prestar serviços. Em muitas empresas os impactos na receita são substanciais. Novas vendas são difíceis de serem concretizadas, e as empresas precisam de projetos e planos que estabeleçam uma relação ainda mais positiva, mesmo que isso não gere faturamento neste momento. As empresas que não tinham um canal direto com os seus clientes, por algum motivo, devem repensar isso rapidamente.

Em um momento de dificuldade para a toda a sociedade, as empresas têm uma grande oportunidade de expandir seus horizontes, além de seus habituais stakeholders, incluindo a comunidade onde estão inseridas. A responsabilidade corporativa e as práticas ambientais e sociais são fatores que estão ainda mais em evidência. Algumas empresas adotaram medidas importantes nesse sentido, enquanto outras tentaram se aproveitar do momento para simplesmente promover sua marca. Os clientes e comunidades estão super atentos aos movimentos e atitudes das organizações e líderes. Não é uma questão de marketing, mas é sobre a alma e o espírito das nossas organizações.

Muitos departamentos de marketing estão preocupados em não parecer oportunista. Assim como em outros momentos, é importante trabalhar com transparência e seguir o propósito da empresa. A empresa deve ser verdadeira e responsável.

Mudanças de comportamento:

Neste período de quarentena já se percebe mudanças no comportamento dos consumidores e do mercado em geral. O fator conveniência está em alta. Pelas restrições de circulação, as pessoas passaram a pedir mais delivery. Os cuidados com a higienização foram redobrados. E aglomerações são evitadas. Alguns comportamentos podem entrar em uma onda de mudanças a médio e longo prazo. A curto prazo resta saber por quanto tempo essa mudanças vão seguir. É de se imaginar que aglomerações serão evitadas nos próximos meses, impondo ainda mais dificuldades a muitos negócios. A recuperação da economia, de forma geral, deve ser bem lenta, a depender dos resultados das medidas do governo. No Brasil já estávamos vivendo uma recuperação lenta, que pode ser ainda mais difícil após a crise do coronavírus. Entre possíveis mudanças, o próprio papel do estado é colocado em discussão. O sistema de saúde, por exemplo, não estava recebendo o mínimo de estrutura necessária. A relação entre despesa e dívida pública vai entrar em debate.

Caixa:

Com uma forte retração da oferta e demanda, as empresas devem ter um rigor absoluto na gestão do fluxo de caixa. Muitas organizações estão chegando a um nível inédito de baixo faturamento. Reduções, renegociações e adequações serão necessárias. O foco deve ser em reduzir ao máximo as perdas, sempre tendo em mente que as atitudes de hoje podem refletir no futuro. Preservar a empresa e os acionistas, impondo sacrifícios e dificuldades aos demais stakeholders, pode ser uma estratégia com fortes impactos negativos. O equilíbrio, mais do que nunca, é necessário, visto que a dificuldade é geral, e não apenas às empresas ou a determinados agentes.

A crise sempre traz oportunidades:

A crise sempre traz oportunidades. É verdade mas a questão é como identificar e trabalhar essas oportunidades. De onde elas vêm? E como podemos transformar essas mudanças em oportunidades para os nossos negócios? Para muitos brasileiros essa crise traz mais sofrimento e mais desigualdade, assim como para as empresas mais vulneráveis. Ainda é precoce afirmar quais mudanças devem se estabelecer a partir de agora. A crise tem efeitos profundos e é preciso ter cuidado com previsões. Acredito, por exemplo, que a importância da ciência e da saúde da população são fatores que ganham ainda mais evidência e que exigem um novo posicionamento por parte da maioria dos governos.

Para as empresas é importante a análise de mudanças de comportamento e hábitos, em especial, dos seus clientes. Essa análise pode abranger todos os stakeholders, mas recomendo o foco principal nos clientes. As empresas funcionam e vivem para atender e agregar valor a eles. Temos que empoderar e escutar os especialistas!

Quarentena:

As empresas devem levar em consideração que, com a retomada gradual da economia, podem ocorrer, em algumas cidades, uma segunda onda de contaminação e, com isso, exigir novas medidas de quarentena e isolamento.




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