top of page
Buscar
  • Foto do escritorHenrique Girardi

A liderança do presidente em 5 atos

Listei 5 atos do presidente Bolsonaro na crise do coronavírus para comentar sob o ponto de vista da liderança.


1 - Primeiros ministros com teste positivo:

Ainda no início da crise do coronavírus no país, alguns membros do governo federal testaram positivo. Entre eles, o Secretário da Comunicação e o Chefe do Gabinete de Segurança Institucional.

O presidente realizou testes e, em nenhum momento, apresentou os resultados. Gerou certa desconfiança por parte da opinião pública. O presidente havia viajado recentemente com os ministros. Faltou transparência.


2 - Entrevistas do Presidente: "Gripezinha"

O presidente em mais de uma entrevista subestimou a gravidade da pandemia e chamou de ‘gripezinha’. Fez pouco caso.

Como líder do poder executivo, o presidente deveria dar o exemplo, e tomar uma posição mais cautelosa diante do desconhecido. O presidente não passou uma mensagem positiva a sociedade. Muitas pessoas seguiram a ideia de ‘gripezinha’ e deixaram de tomar certos cuidados.

3 - Pronunciamento em rede nacional:

Em meio ao avanço do vírus no país, o presidente fez pronunciamento em rede nacional chamando novamente de “gripezinha”. Em tom político, o presidente utilizou o espaço basicamente para atacar adversários e reforçar sua tese de que não é algo grave (chegou a lembrar seu histórico de atleta). Em nenhum momento fez recomendações ou indicou medidas de cuidados para a população.


O presidente foi basicamente contra as estatísticas e alertas. Ficou contra boa parte dos cientistas.


4 - Conflito com governadores:

Com o aumento dos casos de coronavírus no país, muitos governadores e prefeitos tomaram medidas de isolamento social. Os governadores argumentaram que o governo federal demorou para tomar atitudes, o que exigiu medidas locais. O assunto foi parar no STF, que mais tarde, decidiu que os governadores têm autonomia para tomar tais decisões.

O presidente Bolsonaro criticou governadores em diversas manifestações. Talvez o caso que mais chamou atenção foi com o governador de São Paulo, João Doria - antigo aliado.

O conflito com os governadores não é positivo. O Brasil é um país continental. Administrar uma crise desse tamanho exige alinhamento e coalizão com os governadores. O presidente não conseguiu apaziguar, buscar mediação, e criar um sistema mais forte de combate ao vírus.

A atuação dos governadores faz parte da solução. É a sinalização do STF.

Ficar contra, e criar conflito é dificultar ainda mais o combate ao coronavírus.


5 - Conflito com Mandetta:

O conflito com o ministro Mandetta é provavelmente o pior acontecimento no governo nesse período de coronavírus. É grave um conflito entre o presidente e o gestor da pasta diretamente envolvida na crise. As diferenças entre os dois parecem grandes. Aos poucos o desalinhamento entre os dois foi ficando mais claro. E a entrevista de Mandetta ao Fantástico foi a gota d’água. O conflito parece ter passado por questões técnicas de recomendação do ministério, mas também por questões políticas. Começou com divergências técnicas e acabou em um conflito político.


O líder não deve adotar uma postura de conflito com o gestor direto da crise e, expor isso ao público. Os conflitos vêm desde o início da crise.

O presidente assumiu ainda mais a responsabilidade pelos resultados da pandemia no Brasil depois de trocar o ministro da Saúde. Agora resta saber qual será a postura do novo ministro e as próximas medidas e recomendações do Ministério da Saúde.

Resultado da pandemia no país:

Toda a discussão, que envolve o governo e a crise do coronavírus, passa pela avaliação final dos resultados e estatísticas no período. Ao final teremos mais elementos para avaliar as medidas do governo, entre elas, a mudança no comando do ministério e a transição da quarentena. O processo de saída da quarentena é decisivo.


Além das questões de infraestrutura médica está claro que também temos um problema de liderança.




bottom of page