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  • Foto do escritorHenrique Girardi

Caro Nelson, por quê?

Vi nas últimas semanas a repercussão do projeto da Prefeitura que prevê cobrança de pedágio para veículos que circularem no centro de Porto Alegre.


A primeira pergunta que surge é: por que implementar o pedágio? Invariavelmente as respostas envolvem a necessidade de financiamento e de ajuste para o transporte coletivo, que sofre grande crise, antes mesmo do Coronavírus. A ideia em si do pedágio é válida. Mas não para financiar um sistema falido! Muitas cidades ao redor do mundo já adotaram essa ideia de pedágio. Mas a justificativa da Prefeitura é atrapalhada.


Em meio a esse discussão, lembrei dos ensinamentos de Taiichi Ohno com o Sistema Toyota de Produção, e a ideia de exercitar os 5 porquês. Para solucionar um problema é preciso ter clareza das suas causas.


Daí vem a segunda pergunta: por que implementar um PEDÁGIO para financiar um sistema que está em crise há anos? Não faz sentido. O real problema não está sendo discutido. Estamos falando de décadas de problemas.


Por que o transporte coletivo não consegue se sustentar? Paulo Germano¹ afirma em sua coluna que “não há mais como o transporte coletivo ser financiado apenas por quem anda de ônibus”. Bom, se um produto não é financiado pelos usuários e clientes, quem deveria financiar? Não estou eximindo a Prefeitura de suas responsabilidades. Ao contrário, a Prefeitura é parte importante para a solução. A ideia do pedágio é mais uma solução tampão e que não vai resolver o problema do transporte público. A Prefeitura precisa atacar a raiz do problema.


Parece bastante claro que, a ideia de aumentar a tarifa, em linha para todos, não é a saída dos problemas. Afinal, há um limite para esse aumento na tarifa. E acredito que já estamos próximos. E, como já se sabe, na maioria das vezes, essa decisão acaba prejudicando principalmente as pessoas de baixa renda. Uma das possíveis saídas está na análise detalhada da estrutura interna de custos e despesas desse sistema. Ao serem socorridas, as empresas que fornecem o transporte coletivo acabam por não fazer o tema de casa. O sistema de transporte coletivo precisa de um debate amplo, com estudos técnicos e auditorias nas empresas prestadoras do serviço.


Em outro momento houve uma discussão mais produtiva. Falou-se em despesa elevada com pessoal e alta índice de gratuidade. A Prefeitura chegou a propor, junto com algumas medidas, a diminuição do valor da passagem. É uma confusão. Não se pode perder de foco: o problema é a ineficiência do sistema. E a pergunta continua.




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